Sempre soubera que a vida era
difícil, contudo resolvi despir-me de minha coroa e viver entre os
mansos de coração. Tal desprendimento não me custara, nada mais do
que o desejo de minha própria alma, de me permitir, sentir as
sensações da humildade. Me vestira como tal, para evitar qualquer
discriminação entre o azul realeza de qual provinha minha essência,
para aderir ao vermelho carmesim da humanidade.
Dava-me o direito de sentir as
esperanças, os calores do sol, os ventos gélidos do inverno, os
coloridos que me enchiam os olhos da primavera, mas, sobretudo aos
tons enferrujados do outono. Dei a minha consciência a liberdade de
se expressar, a necessidade de fustigar, acima de tudo a propriedade
de absorver o mais divino que a humanidade têm, a capacidade de se
renovar.
Provido de tamanhas sensações,
soubera que a realeza me chamava. Podia ser o melhor das massas, a
divindade da nobreza. O vermelho e o branco de meu manto não eram
sinais de alegria, mas a forma humanizada de minha divinização na
terra. Os dourados de minhas vestes tornaram-se referência de minha
condição de riqueza pela vastidão que se passaria, o cetro na mão
direita representava a ordem e a minha vontade de julgo e o globo
estrelado em minha mão esquerda dizia de meu dever de governar.
Contudo, era a coroa que mais pesava, seu estandarte estrelado e
cravejados de pedras diziam a todos a minha soberanidade.
Governaria para todos e seria um rei
por todos, mas percebi com o tempo que meu estandarte e meu cetro,
afastavam de mim a humanidade que adquiria. Não era tratado como
amigo ou conhecido, mas como alguém a ser temido.
Afastei-me da claridade e me vi na
escuridão. Fiz julgamentos errados, acusações infames, vendi-me ao
diabo em busca de mais poder.
Poder é algo fétido do qual me
despojei. Vi com clareza o quão sujo me tonara e o quanto me
afastara da divindade que me era concedida.
A era dos nobres acabou, findei meu
reinado com tristeza e solidão. Puni-me para remediar as mazelas que
causara. Me prendi as masmorras da escravidão.
Abri meus olhos e vi o sol, então
soubera o sabor da liberdade.
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