terça-feira, 30 de setembro de 2014

A culpa é de quem acho que deva ser!

Vivemos em sociedade e isto é um fato sabido e vivido por todos. Somos condicionados e ensinados a viver assim, e quem não adere a tal dogmatismo será considerado um desajustado social ou então um ermitão do deserto.
Os seres humanos por mais pensante que seja, necessita de outrem. Isso é bíblico e encontra-se nas escrituras sagradas, para quem possa pensar que esteja esse que vos fala errado. Deus sentia-se só e com razão, transformou sombras em luz, separou a terra do firmamento, da terra fez que brotassem a vegetação, fez que nascesse frutos e flores, para usufruir desses frutos e flores criou os animais e lhes inflou vida, e do barro criou o rei desses animais, o mais importante, o mais pensante e o mais transformador de todos; o homem e o colocou neste mundo maravilhoso para que pudesse contemplar a maestria de seus poderes divinos. Mas Deus nos criou com um defeito: a incapacidade de ouvi-lo. Por mais sutil que fosse, o homem não era, ou é, capaz de escutar os desabafos de Deus, apenas pequenas partes do que o Altíssimo falava, que soaram como ordens ou proibições. Não que não o tenha Deus feito. O tempo era longo e as conversar curtas e assim o homem sentiu-se sozinho. Foi neste momento que Deus percebeu o defeito humano e para reparar este erro criou da costela do homem a exuberante mulher. Esta foi criada com consciência divina e de uma sensibilidade cuja era de agrado de Deus. O homem força divina e a mulher sensibilidade divina, perfeito. Mas Deus tem que ser superior e deu aos dois, Adão e Eva, o paraíso, para que cuidassem, zelassem e multiplicassem sem nunca perecer, entretanto havia uma condição; era expressamente proibido o consumo de um fruto vermelho, de uma árvore de médio porte no centro do Paraíso. Ela era destinada unicamente ao Poderosíssimo Senhor da Criação.
Deus já tentara uma vez criar alguém para conversar, este o ouvia bem, compreendia as angústias divinas, se compadeceu das dores de Deus e dele apenas uma coisa queria: o próprio poder de Deus. Lúcifer até tentou, desobedeceu as ordens e se saboreou da glória da desordem, porém Deus não teve outra escolha; bani-lo para as trevas como consequência de tamanha confusão. O poder de Deus era imenso, mas compartilhou um pouco com Lúcifer, entre eles o que mais gosta de usar: a persuasão. O diabo arrebatou metade da ordem celeste e vendo que o Santíssimo havia criado novos companheiros e um mundo novo resolveu tomar partido da situação. Esgueirando-se nas sombras, ouviu a proibição divina e resolveu assim causar nova desordem, onde talvez fosse capaz de governar. Com poderes nefastos, adormeceu a Deus e incitou à Eva para que provasse do fruto proibido e foi esta a danação do homem. Deixar-se levar outrem, mesmo sabendo o que é errado e com isso nasceu o primeiro mandamento da sociedade, unir-se em prol de um bem comum.
Deus irritou-se. Acredito que nem tanto pela desobediência humana mas por deixar-se enganar por Lúcifer e não podia deixar tal ato passar ileso e com isso o homem aprendeu sua primeira lição de Direito: para toda ação há uma consequência; se for boa, bons resultados, se forem ruins, atitudes dolorosas. E assim fez Deus, puniu Adão e Eva à mortalidade, ao trabalho para seu sustento e os expulsou do Paraíso. Creio que Deus também tenha se punido e por uma segunda vez e tenha percebido que nem tudo que se cria é uma benção, há contudo algo ainda maior que talvez ele mesmo tenha sentido. Ao ver que Lúcifer tenha se voltado ainda mais contra ele, sabia que um castigo severo poderia ter consequências ainda piores e abrandou. Fez com que Adão e Eva encontrasse meios de sobreviver as turbulências e que deveriam agradecer por isso, e com tudo isso aprendemos o dogmatismo e a gratidão.
Adão e Eva se multiplicaram, seus filhos se multiplicaram e assim nasceu a sociedade. Homem feito para se multiplicar, transformar e aprender a conviver entre si. Até poderia ser mágico, mas algo na escuridão se esgueirava, e o próprio Diabo havia descoberto uma maneira de escapar de sua reclusão. Não que Deus não soubesse, apenas tomou atitudes paternas para filhos diferentes e aqui se faz jus ao ditado: Deus dá o frio conforme o cobertor.
Só Lúcifer sabia do poder que Deus exercia, pois fora dotado de uma parte deste poder e o que me leva acreditar que o poder pode corromper, e então por que tamanho poder não corrompera a Deus? Muitos podem dizer apenas porque ele é Deus, eu direi que há algo em Deus que o transforma especial: a humanidade.
Conforme a expansão do povo e a cultuação a outras divindades, Deus podia ter nos aniquilado, mas não, escolheu alguns eleitos que já compartilhavam de uma sensibilidade, lhes prometeu uma nova terra, uma parte do Paraíso, pois sabia da nossa capacidade, a humanidade nos tornava fracos e impotentes, mas ao mesmo tempo éramos e somos capazes de superar desafios; desde que seguíssemos dez mandamentos. Oras, haviam se passados séculos, eras e sabíamos das consequências da desobediência, foi o que pensou Deus, mas não sabia ele que a capacidade de esquecer era algo que o próprio Lúcifer nos dera como dom. Deixar nas sombras aquilo que não se deve ser lembrado. E novamente fomos punidos, pelo Dilúvio. As águas nos afogaram como fonte de renovação e foi escolhido apenas Noé e sua família para uma nova reestruturação. E assim se fez. Mas havia algo que só o próprio Diabo aprendera: esperar nas sombras, coisa que faz com maestria e paciência e quando tudo parecia caminhar a um bom caminho o caos se fez. Deus tornou-se um objeto de barganha, ícone de desculpas aos erros e tudo aquilo que havia combatido estava de novo aos seus pés. No entanto ele é Deus e se cansara de punir a humanidade e puniu a si mesmo, entregando o fruto de sua própria essência para redimir os pecados da humanidade. Entretanto este ser humano etério descobriu que a desobediência fazia parte do que chamamos de sociedade e que não era de punições ou salvadores que precisávamos e sim da compreensão de nós mesmo.
Com isso o homem se expandiu, fez guerras em nome de Deus sugeridas pelo Diabo, combateu o próprio Demônio jorrando sangue de inocentes, acabamos com a peste e profecias foram profetizadas. Achamos um jeito de nos apaziguarmos e evitamos de que nos matássemos pelo derramamento de sangue. Mas o ardil sempre esteve por lá, no sorriso mascarado, nas palavras doces e encantadas, procurando uma nova maneira de atacar. Sua estratégia principal sempre foi a paciência e como um calculista frio premeditou cada passo. Esteve muito tempo por perto, chegando ao passo de conhecer cada fraqueza humano e onde nossa sustentação pode ser abalada. Incentivou o aprimoramento do pensamento humano, ajudou no desenvolvimento social, apoiou ao capitalismo, socialismo e ao fascismo e escolheu ao capital como fonte de adoração. As mentes evoluíram e com elas deu-se uma guerra fria. Não aquela entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos, mas em Bem e o Mal. Pode parecer louco, mas como disse antes, Lúcifer aprendeu a esperar, aprendeu como ser derrotado, viveu nas sombras para um ataque. Descobriu com o seu julgador como são as táticas de sua vitória e aquilo que o Filho de Deus descobriu ele também tomou ciência.
Neste momento deve me chamar de fanático, Anti-Cristo ou de generes, mas não é isso. Resolvi olhar pelos olhos do outro e antecipar – ou tentar – o que nos reserva o futuro. Crescemos, desenvolvemos coisas maravilhosas para nosso bem, para gozarmos de um prazer ilusório.
Destruímos a terra para torná-la áspera e cinzenta, enchemos-la de cimento para que a mobilidade se desse. Matamos as árvores para colocarmos em seu lugar aços e concretos resistentes ao tempo, do qual chamaremos de lar. Aos animais nós os domesticamos e aqueles que não se curvam aos nossos desejos prendemos ou matamos para provar nossa superioridade e mostrar a que propósito Deus nos deu inteligência. Aos rios e mares degradamos, sujamos com nossas boas intenções o que sempre nos sustentou. Mas o pior de tudo, a mais vil vilania o homem fez por si, se bestializou.
A princípio era uma besta pensante, que destruía a tudo pelo confronto, mas a bestialidade limites ultrapassou. Deixamos que a vaidade e o simples fato de termos nos desenvolvido exponencialmente tomasse conta de nosso ego. Descobrimos como tornar nossa mortalidade em algo distante e nos autointitulamos Deus. Vencemos a cada dia doenças do corpo, criamos remédios para nossos males, procuramos jeitos de vencer a morte esquecendo dos desígnios de Deus. A todo desenvolvimento intelectual que era doloroso, tornou-se habitual, modismo, deixamos de pensar. O Bem em prol do Mal.
Viramos deuses de doenças que criamos e não sabemos curar. Desenvolvemos-nos como criadores de criações incontroláveis e devastadoras e a nossa inteligência emburreceu. Agarramos ao último fio de esperança e nos lembramos das profecias. O mundo se acabará em fogo. Pois é, está acontecendo e não por um fogo divino como Sodoma e Gomorra. Destruímos o pouco Paraíso que nos foi dado e agora não é Deus nos punindo, é a consequência do que estragamos; é a nossa própria falsa divindade se voltando contra nós.
E se perguntarem, qual o papel de Deus nisso tudo? Responderei: nenhum, ele aprendeu com o filho que sacrificou que precisamos consertar as coisas a nossa maneira e para isso rogamos ao Céu pedindo solução. O Grandíssimo até interviria, mas deixou que tentássemos nos resolver, ou melhor tirou sua mais perfeita criação das sombras e deu-lhe um breve instante de pleno poder. Novas guerras se lançaram, a intolerância voltou a moda, pessoas se matam, as águas secaram, religiosos se lançam em ofensas contra irmãos. E então papéis se inverteram, o Mal em favor do Bem. Lúcifer desistiu de ser dono de tamanha desordem e devolveu o trono a quem tem o verdadeiro poder, quem com paciência tudo arrumará. Acredito que Deus esteja feliz com Lúcifer, pois ambos aprenderam algo. Lúcifer não pode controlar tamanho poder, e Deus que os ouvidos humanos deveriam ter sido melhorados.

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