Sempre
acreditei no poder das palavras e as forças transformadoras que elas
possuem. Como um ser vivo, a linguagem é algo importante na vida do
homem e este como ser pensante é capaz de modificar o peso que as
palavras têm. Somos capazes de fazer uso de metáforas e outras
figuras de linguagem para atribuir um significado a esta ou aquele
verbete. Só que há palavras que não se encaixam de maneira nenhuma
ao que se quer dizer.
Neste
ultimo final de semana, participei de um simpósio em que o ponto
central é a abordagem da diversidade sócio-cultural na educação.
Muito se falou sobre a defasagem no ensino fundamental e médio e da
dificuldade encontrada pelos professores nas abordagens de temas
polêmicos da sociedade sem tomadas de partidos ou chamados temas
transversais e até mesmo de diversidade cultural.
O
primeiro assunto foi exatamente a política, tanto nacional, como a
internacional. Sabemos que de certo modo somos condicionados a pensar
nos problemas que estão sempre em evidências, contudo se esqueceu
de levar em conta que políticas não se faz apenas falando como
discutir, mas levar em conta as vivências de cada aluno e de sua
família, além de uma reflexão profunda de acertos e erros. Falar
de política é vivê-la, é observar os meios sociais diferenciados
e as políticas que estão ou não sendo aplicados a cada realidade.
Falou-se
também em meio ambiente e novas tecnologias e na dificuldade de uma
educação ambiental no Brasil. Concluiu-se que esta dificuldade está
entrelaçada a falta de orientação adequada da família brasileira
e da dificuldade de implementação deste tipo de educação no
ensino escolar, uma vez que percebemos o distanciamento dos pais e da
família das escolas. Vemos que as escolas estão se tornando uma
válvula de escape dos pais para se manterem livres dos filhos, o que
é uma lástima, demonstrando uma inversão de valores
significativa.
Entrou
em pauta também a diversidade religiosa, ponto de grandes discusões
nas escolas. Com o crescimento de diversas associações evangélicas,
percebeu-se uma grande intolerancia religiosa que causam grandes
desavenças nos ambientes escolares. Vemos a cada dia um aumento de
rixas de pessoas de um grupo religioso contra outro. Vale salientar
que o professor como agente mediador em sala de aula não pode tomar
ou incentivar nenhum tipo de preletismo a este ou aquela religião. É
sabedor de todos que professores também são seres humanos e que
possuem suas crenças, contudo somos para muitos um modelo e esta
preleção não deve ser de obrigação dos professores e sim de
orientação familiar.
Abordou-se
sobre o preconceito e com isso se abriu um leque grande desse
assunto. Foi mencionado sobre as cotas em universidades, preconceito
racial, religioso e o grande assunto da mídia a homoafetividade.
Estamos num advento midiástico em que ele vem sendo abordado pela
televisão, com o propósito de mostrar as relações humanas e que
não há nada de errado nisso. Concordo que o asssunto deva ser
abordado na escola, entretanto devemos ressaltar que dentro desse
assunto a muito a ser discutido. Hoje temos leis de proteção à
homofobia, que do meu ponto de vista não vem ajudando em nada. Podem
dizer que sou radical, mas apenas um observador do que vem
acontecendo. Sou homossexual, no entanto não acredito que isso tenha
ajudado no combate da discriminação. Viramos a moeda e pedimos
respeito, mas hoje cometemos o crime que tanto repudiamos. Os
homossexuais tem agredido veementemente aos heterossexuais causando
assim um certo desconforto.
Mas
o ponto crucial do simpósio foi quando um cidadão levanta que tudo
isso é culpa da orientação sexual. Deixe-me ressaltar que tal
cidadão diz ser psicólogo de formação com mestrado em
psicopedagogia infantil. Em todo aquele rebu nesta imensa discusão,
pedi licença e questionei ao cidadão se o termo certo não seria
opção ao invés de orientação. O caríssimo diz que nos termos
psicológicos é orientação, pois escolhemos nossos parceiros e se
seremos heteros ou homossexuais. Oras se escolhemos parceiros, se
escolhemos se vamos nos relacionar com homens ou com mulheres, isso
não pode ser considerado orientação e sim opção. O cidadão
filosofou por meia hora sobre Freud e a libido, as novas teorias da
sexualidade e tal como se tudo aquilo fosse de relevancia, sendo que
dizer que orientação sexual para escolhas era no tanto forçoso.
Percebi que até os palestrantes ficaram um tanto confuso e começaram
a se perder nas argumentações, então pedi ao cidadão que me
respondesse duas perguntas: Você é hetero ou homossexual? O rapaz
meio sem jeito disse que era gay. Eis que vem o divisor da discórdia;
você escolheu ser gay ou foi orientado? Percebeu-se um certo
silêncio enquanto um organizador trazia um dicionário e o inquirido
respondeu que havia escolhido. Se fora escolhido ele não foi
orientado para isso.
A
própria definição da palavra opção pelo dicionário é escolha,
alternativa, seleção e para orientação é situação, ação de
determinar onde se está e mais precisamente para o caso ação de
dirigir alguém para algo ou caminho. Não é a primeira vez que me
vejo num debate com pessoas formadas na área de psicologia e que
vejo usarem o termo orientação erroneamente. Acredito que tanto em
casa, como na escola se deve ter orientação sexual, que implica no
uso de anticoncepcionais, métodos contraceptivos, maneiras de sexo
seguro, até mesmo se falar sobre a hetero e homossexualidade. Além
desses princípios se devem considerar o respeito entre as pessoas,
principalmente por suas opções. A maioria das famílias de hoje
ainda advém de famílias heterossexuais e acredito que nenhum casal
gay ou lésbico tenha sido orientado para sua opção sexual.
A
sociedade atual está deturpando de alguma maneira o sentido das
palavras e isso é perigoso e explicarei o por quê. Com o baixo
nível de cultura e leitura das famílias de classe média e baixa e
alto nível e distribuição de mídias em que nos vemos envoltos a
capacidade de entendimento e compreensão do que está escrito se
encontra abalada. Com isso as pessoas estão absorvendo estas ideias
como únicas sem questioná-las. Observei que o mesmo vem acontecendo
nos meios acadêmicos e por quê?índices baixos de leituras e pouca
criticidade. Estamos aceitando tudo que a televisão e a internet nos
oferecem sem verificar a veracidade ou procurar uma segunda opinião.
Terminamos
o simpósio criando uma petição ao Conselho Federal de Psicologia
para que revejam o termo e que comecem a refletir sobre o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário