segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Opção e ou Orientação

Sempre acreditei no poder das palavras e as forças transformadoras que elas possuem. Como um ser vivo, a linguagem é algo importante na vida do homem e este como ser pensante é capaz de modificar o peso que as palavras têm. Somos capazes de fazer uso de metáforas e outras figuras de linguagem para atribuir um significado a esta ou aquele verbete. Só que há palavras que não se encaixam de maneira nenhuma ao que se quer dizer.
Neste ultimo final de semana, participei de um simpósio em que o ponto central é a abordagem da diversidade sócio-cultural na educação. Muito se falou sobre a defasagem no ensino fundamental e médio e da dificuldade encontrada pelos professores nas abordagens de temas polêmicos da sociedade sem tomadas de partidos ou chamados temas transversais e até mesmo de diversidade cultural.
O primeiro assunto foi exatamente a política, tanto nacional, como a internacional. Sabemos que de certo modo somos condicionados a pensar nos problemas que estão sempre em evidências, contudo se esqueceu de levar em conta que políticas não se faz apenas falando como discutir, mas levar em conta as vivências de cada aluno e de sua família, além de uma reflexão profunda de acertos e erros. Falar de política é vivê-la, é observar os meios sociais diferenciados e as políticas que estão ou não sendo aplicados a cada realidade.
Falou-se também em meio ambiente e novas tecnologias e na dificuldade de uma educação ambiental no Brasil. Concluiu-se que esta dificuldade está entrelaçada a falta de orientação adequada da família brasileira e da dificuldade de implementação deste tipo de educação no ensino escolar, uma vez que percebemos o distanciamento dos pais e da família das escolas. Vemos que as escolas estão se tornando uma válvula de escape dos pais para se manterem livres dos filhos, o que é uma lástima, demonstrando uma inversão de valores significativa.
Entrou em pauta também a diversidade religiosa, ponto de grandes discusões nas escolas. Com o crescimento de diversas associações evangélicas, percebeu-se uma grande intolerancia religiosa que causam grandes desavenças nos ambientes escolares. Vemos a cada dia um aumento de rixas de pessoas de um grupo religioso contra outro. Vale salientar que o professor como agente mediador em sala de aula não pode tomar ou incentivar nenhum tipo de preletismo a este ou aquela religião. É sabedor de todos que professores também são seres humanos e que possuem suas crenças, contudo somos para muitos um modelo e esta preleção não deve ser de obrigação dos professores e sim de orientação familiar.
Abordou-se sobre o preconceito e com isso se abriu um leque grande desse assunto. Foi mencionado sobre as cotas em universidades, preconceito racial, religioso e o grande assunto da mídia a homoafetividade. Estamos num advento midiástico em que ele vem sendo abordado pela televisão, com o propósito de mostrar as relações humanas e que não há nada de errado nisso. Concordo que o asssunto deva ser abordado na escola, entretanto devemos ressaltar que dentro desse assunto a muito a ser discutido. Hoje temos leis de proteção à homofobia, que do meu ponto de vista não vem ajudando em nada. Podem dizer que sou radical, mas apenas um observador do que vem acontecendo. Sou homossexual, no entanto não acredito que isso tenha ajudado no combate da discriminação. Viramos a moeda e pedimos respeito, mas hoje cometemos o crime que tanto repudiamos. Os homossexuais tem agredido veementemente aos heterossexuais causando assim um certo desconforto.
Mas o ponto crucial do simpósio foi quando um cidadão levanta que tudo isso é culpa da orientação sexual. Deixe-me ressaltar que tal cidadão diz ser psicólogo de formação com mestrado em psicopedagogia infantil. Em todo aquele rebu nesta imensa discusão, pedi licença e questionei ao cidadão se o termo certo não seria opção ao invés de orientação. O caríssimo diz que nos termos psicológicos é orientação, pois escolhemos nossos parceiros e se seremos heteros ou homossexuais. Oras se escolhemos parceiros, se escolhemos se vamos nos relacionar com homens ou com mulheres, isso não pode ser considerado orientação e sim opção. O cidadão filosofou por meia hora sobre Freud e a libido, as novas teorias da sexualidade e tal como se tudo aquilo fosse de relevancia, sendo que dizer que orientação sexual para escolhas era no tanto forçoso. Percebi que até os palestrantes ficaram um tanto confuso e começaram a se perder nas argumentações, então pedi ao cidadão que me respondesse duas perguntas: Você é hetero ou homossexual? O rapaz meio sem jeito disse que era gay. Eis que vem o divisor da discórdia; você escolheu ser gay ou foi orientado? Percebeu-se um certo silêncio enquanto um organizador trazia um dicionário e o inquirido respondeu que havia escolhido. Se fora escolhido ele não foi orientado para isso.
A própria definição da palavra opção pelo dicionário é escolha, alternativa, seleção e para orientação é situação, ação de determinar onde se está e mais precisamente para o caso ação de dirigir alguém para algo ou caminho. Não é a primeira vez que me vejo num debate com pessoas formadas na área de psicologia e que vejo usarem o termo orientação erroneamente. Acredito que tanto em casa, como na escola se deve ter orientação sexual, que implica no uso de anticoncepcionais, métodos contraceptivos, maneiras de sexo seguro, até mesmo se falar sobre a hetero e homossexualidade. Além desses princípios se devem considerar o respeito entre as pessoas, principalmente por suas opções. A maioria das famílias de hoje ainda advém de famílias heterossexuais e acredito que nenhum casal gay ou lésbico tenha sido orientado para sua opção sexual.
A sociedade atual está deturpando de alguma maneira o sentido das palavras e isso é perigoso e explicarei o por quê. Com o baixo nível de cultura e leitura das famílias de classe média e baixa e alto nível e distribuição de mídias em que nos vemos envoltos a capacidade de entendimento e compreensão do que está escrito se encontra abalada. Com isso as pessoas estão absorvendo estas ideias como únicas sem questioná-las. Observei que o mesmo vem acontecendo nos meios acadêmicos e por quê?índices baixos de leituras e pouca criticidade. Estamos aceitando tudo que a televisão e a internet nos oferecem sem verificar a veracidade ou procurar uma segunda opinião.

Terminamos o simpósio criando uma petição ao Conselho Federal de Psicologia para que revejam o termo e que comecem a refletir sobre o assunto.

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