terça-feira, 15 de julho de 2014

A Deusa

Dos meus 24 sinistros dias que passei internado no hospital, tive tempo suficiente para pensar em diversas coisas e entre elas me tornar um observador mais astuto do que era. Mas de tudo isso obtive o incentivo mais inesperado para a minha recuperação. Não estou falando de minha mãe, que na medida do possível estava presentes, nem de meus companheiros de trabalho que muito me auxiliaram neste período, muito menos das enfermeiras ou enfermeiros e médicos que me acompanharam nesta tragetória; mas dela a Deusa.
Sua presença poderia passar mais que silenciosamente ou até mesmo despercebida, porém não era o que acontecia. Eu e meu companheiro de jornada hospitalar a viamos pelo menos duas vezes no dia e quando não aparecia era como se os dias se tornassem mais longos do que era. Para mim, sua presença era mais essencial do que a visita médica que recebi, não por possuir conhecimento técnico em efermagem ou médica, mas por sua confiança e força de vontade, que era contagiante assim como seu sorriso.
Após minha cirurgia, passei trinta e três embriagantes horas no centro pós cirurgico para ser encaminhado ao quarto. Estando lá ainda meio grogue, as primeiras coisas que começa a racionalizar coerentemente é: onde estou e cadê minha família, além daquele barulhinho particular que cada um tem em expressar que está morrendo de fome. Então eis que entra porta adentro a pessoa incubida a me alimentar. Ela chega com a bandeija de café da manhã com o mais simpático sorriso no rosto e diz: Bom dia amiguinho, hora de levantar! Deixa-me a bandeija e se encaminha até a janela para abrí-la e pergunta meu nome com cordialidade. Eu por minha vez respondo e pergunto seu nome em retribuição, mas para minha surpresa; não ouça apenas um nome, porém o nome: Eu sou a Deusa!
Ser acordado por Deusa as sete horas da manhã e esperá-la sempre na hora do almoço era sagrado. Os dois ou tres minutos que conversávamos seriam como horas filosofadas entre dois gênios da humanidade. Aos domingos sua falta era cortante e sufocante. Sua atenção era o diferencial na recuperação, era o que potencializava a mansidão. Todos se sentiam bem com sua ccompanhia.
Depois de ter saído, não tinha mais visto Deusa até a semana passada, enquanto esperava para ser atendido em minha consulta médica, a ví passar com seu carrinho. Pensei que nem teria me visto, porém para minha surpresa ela veio até mim, me comprimentou e acima de tudo lembrou do meu nome. Fiquei pasmo em saber que após meses sem me ver e por várias pessoas que passaram ela ainda se lembrar.

Deusa realmente é mágica e a única coisa que desejo é que continue sendo mágica. 

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